Ocupação intensa da área da fonte assusta ambientalistas em Pureza*
O que mais chamou a atenção dos participantes do comboio que a Trilhamiga levou ontem a conhecer as nascentes do rio Maxaranguape foi a utilização intensa da principal delas, a fonte de Pureza, por visitantes.
“É um piscinão de Ramos que não se concebe naturalmente em lugar nenhum do mundo”, advertiu o engenheiro agrônomo Marco Antonio Dantas, presidente do Comitê Hidrográfico da Bacia do Pitimbú (CHB-Pitimbú), que os jipeiros levaram às nascentes do Maxaranguape para ver como pode contribuir para ajudar a sociedade civil da região a se organizar através de uma entidade semelhante à que lidera na região metropolitana potiguar.
Esta foi a terceira expedição a nascentes de rios potiguares em que a Trilhamiga contou com a colaboração de Marco Antonio. Ele tem exercido papel decisivo na busca de eficácia para as missões em que a Trilhamiga levou observadores a conhecer as nascentes do Pitimbú, situadas
FORMIGUEIRO HUMANO
A alusão a uma grande piscina que o poder público implantou anos atrás no subúrbio de Ramos, no Rio de Janeiro, terminou sendo adotada pela maioria dos participantes da caravana que levou “off roaders”, ambientalistas e autoridades e técnicos governamentais a visitarem ontem Pureza e o município de João Câmara, onde se situa a primeira nascente do Maxaranguape, um olheiro sazonal situado em algum ponto da localidade de “Buraco Seco” que será melhor identificado durante o inverno. Moradores da área instados pela caravana souberam indicar o curso do riacho que dá início ao Maxaranguape, mas não conseguiram identificar onde ele começa.
Impressionando-se com o verdadeiro formigueiro humano em que a fonte de Pureza se transforma nos fins de semana, o presidente do Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (Igarn), engenheiro Celso Veiga, mostrou, durante a visita de ontem, que o peso imposto pela presença de muita gente sobre as rochas em que a água aflora com muita força já provocou alguns pequenos acidentes geológicos. São visíveis os sintomas de quebra da rocha. Além disto, a água não se resignou quando o poder público encheu o espaço da fonte com alvenaria e concreto. Ela abre frestas nas calçadas e volta a se manifestar num espetáculo que maravilha os observadores.
CAPTAÇÃO POR FORA
Em defesa da utilização do local como grande atração turística ressaltou duas realidades. A primeira é a de que, prudentemente, muitos anos atrás, quando resolveu captar água da fonte para abastecer as populações de várias cidades do Mato Grande, a Companhia de Águas e Esgotos (Caern) teve o cuidado de implantar um sistema de captação autônomo em relação à água que chega à superfície da fonte e faz a alegria dos banhistas.
De fato, como ressalva o hidro-geólogo Marcelo Queiroz, gerente do setor de hidrogeologia da Caern, que também integrou o comboio, a convite da Trilhamiga, a central de captação situa-se vários metros ao lado da fonte natural, e a empresa capta o líquido destinado à distribuição
Em segundo lugar, de alguns anos para cá a prefeitura de Pureza tem investido muito na tentativa de manter limpa a fonte. Isto se observa principalmente na área em que os banhistas mergulham na fonte natural, propriamente dita. Na grande piscina situada ao lado e ligada à fonte por cavernas em visitantes atravessam em mergulhos perigosos, nem sempre se pode falar
(*) o trecho em azul fora extraído, na íntegra, do "Notícias de Jipeiros", edição N° 585/2007 de segunda-feira, 10 de dezembro de 2007.