Os clubes que supostamente organizam a vida dos jipeiros natalenses e deveriam cuidar das responsabilidades sociais que mais os alcançam estão à margem dos preparativos da operação de limpeza de praias deste ano, evento mundial que será realizado depois de amanhã, mobilizando amplos segmentos da sociedade civil em mais de 120 países.
A exemplo dos anos anteriores, a orquestração do evento no Rio Grande do Norte compete à organização não governamental Oceânica, mediante designação da australiana Clean Up, criadora do “Dia Mundial de Limpeza de Praia”. A operação nesta unidade federativa será realizada nas praias de Ponta Negra, que se destaca em plena área urbana de Natal; Cotuvelo, a sul, e Maracajaú, no litoral da capital potiguar, e na lagoa de Arituba.
APARECER E LIMPAR
Alguns anos atrás a participação de jipeiros no evento se transformou em verdadeiro diferencial, pela mobilidade e pelo empenho que a base da comunidade fora de estrada potiguar demonstrou ao levar a sério a operação, em contraste, até, com o interesse evidenciado por líderes de clube.
Enquanto alguns dirigentes foram flagrados ao declarar que no “Dia Mundial de Limpeza de Praia” agiam só em função da possibilidade de aparecerem diante das câmaras de televisão, autênticos jipeiros se empenhavam a sério no mister de retirar da orla marítima parte da sujeira que nela se acumula através de diversas intervenções humanas. Um deles chegou a encher sozinho a carroceria e grande parte da cabine de uma picape Mitsubishi L200.
A performance e o flagrante desinteresse que a cúpula do jipeirismo protagonizou em relação à operação levou a Oceânica a prescindir dessa ajuda. Paradoxalmente, obteve um grande sucesso em termos de mobilização da base da comunidade jipeira potiguar uma operação que um grupo de “off roaders” promoveu, no fim do veraneio do ano passado, entre as praias de Genipabu e Muriú, no litoral a norte de Natal.
ARQUEOLOGIA
À frente desta ofensiva destacava-se o núcleo do que viria a ser a Trilhamiga, grupo de jipeiros natalenses que vem promovendo expedições 4x4 todos os sábados e investe tudo o que pode na responsabilidade social dos jipeiros potiguares ao lançar operações capazes de agregar valor aos passeios de seus integrantes.
Recentemente, a Trilhamiga se destacou em Natal graças a três ofensivas. Ela lançou a proposta e as bases para a montagem de uma parceria entre jipeiros e a Sociedade Norte-rio-grandense de Arqueologia (Sonarq), visando a realização de missões visando levantar o patrimônio do Rio Grande do Norte em termos de sítios arqueológicos.
A articulação promovida pela Trilhamiga ensejou a montagem de uma parceria extraordinariamente producente entre a Sonarq e o Natal Land Club, a primeira associação monomarca de jipeiros a se institucionalizar no país e a entidade do segmento que mais tem demonstrado interesse pela preservação do acervo cultural e ambiental do Rio Grande do Norte.
RIOS E RELIGIÃO
A Trilhamiga também lançou o projeto de viagens com o propósito de verificar “in loco” a a situação ambiental das nascentes dos principais rios que banham esta unidade federativa, agora somando esforços com o Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (Igarn).
Por último, ela encampou o projeto de realização da “Jeepromaria dos Mártires de Natal, Cunhaú e Uruaçu”, ampliando extraordinariamente seu roteiro, a partir da terceira edição, prevista para o próximo dia 3 de outubro, e assegurando a participação de veículos desprovidos de tração nas quatro rodas no evento, que assim catalisa a intenção de se tornar cada vez mais abrangente.
JIPEIRO E POPULAÇÃO
A Trilhamiga também cuida de limpar o que outros segmentos do jipeirismo potiguar sujam. Há poucas semanas, por exemplo, o grupo assumiu a missão de promover a coleta de lixo ao longo de todo o trajeto da edição 2007 do “Raid da Meia Noite”, um dos três principais eventos anuais do Jeep Clube do Rio Grande do Norte, a mais antiga instituição do segmento nesta unidade federativa.
Quando não age diretamente, por falta de instrumental, a Trilhamiga ainda recomenda o que os demais segmentos da comunidade jipeira norte-rio-grandense precisam fazer para não piorarem as relações que mantém com a população potiguar. No caso do “Raid da Meia Noite”, por exemplo, ao promover a limpeza de trajeto a Trilhamiga constatou que participantes do evento destruíram muitas extensões de cercas de delimitação de propriedades rurais durante a competição e recomendou que o Jeep Clube potiguar assumisse a responsabilidade de recuperá-las. A restauração foi providenciada pelo engenheiro Jório Lira.
FONTE:
NOTICIAS DOS JIPEIROS
Edição N° 534/2007 (*)
Natal, quinta-feira, 13 de setembro de 2007,
Jornalista Responsável: Roberto Guedes (RG151-DRT/RN).